O Comércio Internacional viveu momento de muita tensão nos últimos 4 anos. As principais economias mundiais estavam em um ritmo menos acelerado e rodeadas de incertezas.
Mas, nesta entrevista, o Dr. José Manuel Meireles de Souza faz uma análise otimista para os negócios em 2013, com a retomada de mercados tradicionais, além da consolidação de novas áreas de abrangência, na Ásia, nos países Árabes e na África.

ABRACOMEX: Quais as perspectivas para o comércio exterior brasileiro em 2013?
Dr º José Manuel Meireles : A economia global deve recuperar lentamente em 2013; a China deverá manter o ritmo de crescimento abaixo de 8% e a Europa, especialmente os países do sul, deverão continuar com elevado desemprego e baixo desenvolvimento. Também a Argentina não deve frear o crescimento que não deve ultrapassar os 2%. O comércio exterior brasileiro é muito dependente da China (em commodities) da Argentina e da Europa e como tal deve ressentir-se da falta de crescimento nesses países; por outro lado as políticas comerciais estão muito voltadas para o consumo e não à agregação de valor, o que fará perdurar a tendência de exportação de produtos básicos e uma cada vez menor participação de manufaturados na matriz exportadora. As commodities alimentares continuarão em alta compensando o fraco desempenho dos manufaturados.
ABRACOMEX : Qual é o papel do profissional de International Trader neste cenário?
Dr º José Manuel Meireles : As exportações brasileiras de alguma forma estagnaram, não diminuindo em grande parte devido às cotações das commodities, pois os manufaturados que em 2001 representavam cerca de 56% na matriz exportadora brasileira, passaram a representar cerca de 34% em 2011. Esta situação é em parte consequência do aumento de consumo interno que, no entanto está sendo corroído pelas importações de produtos do extremo oriente, em grande parte chinesa. Ora as grandes maiorias dos produtos brasileiros apresentam qualidade superior aos produtos chineses e não deveriam concorrer-nos mesmos mercados. O International Trader tem como grande missão encontrar mercados que apreciem a qualidade dos produtos brasileiros e não somente o preço. Como exemplo, o valor médio de exportação de sapatos brasileiros, segundo a revista World Footwear Yearbook 2012, em 2011 foi de US$ 11,47, contra US$ 32,00 do calçado português ou US$ 3,87 do calçado chinês; deverá ser neste ponto que o International Trader deve atuar, não concorrer com o calçado de US$ 3,87, mas procurar mercados que paguem mais pelos produtos brasileiros. Para isso é preciso técnica e encarar o mercado internacional não como uma oportunidade pontual da empresa, mas como uma estratégia de crescimento empresarial.
ABRACOMEX : Como o Sr. avalia a preparação das empresas brasileiras, para enfrentar a concorrência do produtos importados, principalmente a China?
ABRACOMEX : Como o Sr. avalia a preparação das empresas brasileiras, para enfrentar a concorrência do produtos importados, principalmente a China?
Dr º José Manuel Meireles : Asa empresas brasileiras, agora voltadas para o mercado brasileiro, não estão preparadas para enfrentar a concorrência chinesa, sobretudo porque não existe um balanceamento entre a boa qualidade dos produtos brasileiros e os mercados para onde esses produtos são comercializados; se a maioria das indústrias produz com qualidade internacional, a parte comercial das empresas não está à altura do esforço de produção; torna-se necessário entender que o produto brasileiro só concorre com o chinês porque as empresas brasileiras insistem em vender-nos mesmos mercados onde empresas chinesas comercializam os produtos e quando encontram mercados exteriores exportam em vez de se internacionalizarem. A cultura de internacionalização fará com que as empresas ultrapassem a concorrência chinesa, pelo menos enquanto as indústrias chinesas não aumentarem a qualidade de seus produtos.
ABRACOMEX : Dentre as suas diversas negociações internacionais qual o caso mais curioso já vivenciou ligado a diferença cultural?
ABRACOMEX : Dentre as suas diversas negociações internacionais qual o caso mais curioso já vivenciou ligado a diferença cultural?
Dr º José Manuel Meireles : Diferenças culturais existem em todas as negociações inclusive no Brasil. Curiosamente considero o Norte do Brasil culturalmente mais distante da região Sul do Brasil, que a Europa ou os Estados Unidos. Mas negociar é sempre um desafio que também é ganho pela adaptação cultural. As negociações que durante vários anos tive com empresas estatais norte coreano foram eventualmente as mais interessantes, pois sendo a Coréia do Norte um país isolado do mundo e com comunicações muito difíceis a concretização de negócios e, sobretudo o fechamento é complicado, pois quer a burocracia, quer o aspecto legal tornam a negociação complexa, mas também altamente motivadora.
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